Coprodução de obra

Bori performance-arte: oferenda à cabeça

Ayrson Heráclito (BA) | 21/8 | 19h | Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA | Gratuito

O trabalho é compreendido como um ritual poeticamente inspirado na prática de ofertar comidas para a cabeça em cerimônias religiosas de matriz afro-brasileira. “Bori”: da fusão “bó”, que em iorubá significa oferenda, com “ori”, que quer dizer cabeça, literalmente assim traduzido como “Oferenda à Cabeça”. A ação consiste em oferecer comidas sacrificais à cabeça de 12 performers, sendo estas representações votivas e iconográficas dos 12 principais orixás do candomblé.

Dar comida para a cabeça é nutrir a nossa alma. Alimentar a cabeça com comidas para os deuses é evocar proteção. Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade. Cada pessoa, antes de nascer, escolhe o seu ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido suas próprias potencialidades. Odu é o caminho pelo qual se chega à plena realização de ori, portanto não se pode cobiçar as conquistas do outro. Cada um, como ensina Orunmilá-Ifá, deve ser grande em seu próprio caminho, pois, embora se escolha o ori antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.

“Bori performance-arte” foi inicialmente apresentada em 2008, no Mercado Cultural, em Salvador, no Teatro Castro Alves. Posteriormente, em 2009, a convite do Centro de Experimentação de Arte (CEIA), esteve no Manifestação Internacional de Performance (MIP), em Belo Horizonte, e, em 2012, na mostra Full Brazilian and Other Rituals, com curadoria de Dirk Jan Jager e Rose Akras, no Oude Kerk, em Amsterdam. Agora, o IC Encontro de Artes realiza a coprodução de uma nova montagem deste trabalho.

QUEM SÃO
Concepção e direção: Ayrson Heráclito | Produção de objetos/cenografia: Joceval Santos | Produção/Direção Musical: Edvaldo Bolagi | ALABÊS: Iago Rafael, Ítalo Pereira, João Vitor, Tiago de Oxumarê, Carlito Madruga | Performers: Bernardo das Virgens Neto, Carolina Bastos, Detoubab Ndiaye, Diego Alcântara, Gisélia Faustina dos Santos, José Domingos Coni, Kenai, Milton Santos de Oliveira, Natalyne Santos, Sandro Abade Pimentel, Wlamira Albuquerque, Wellington Luis de Jesus Sena

Ayrson Heráclito: Ogã Sojatin de um Humpame de Jeje Mahi, no subúrbio de Salvador. Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cachoeira, artista visual e curador. Suas obras de instalações, performances, fotografias e audiovisuais lidam com elementos da cultura afro-brasileira e suas conexões entre a África e a sua diáspora na América. Participou da Trienal de Luanda, em Angola (2010), Bienal de Fotografia de Bamako, no Mali (2015 e 2017) e 57ª Bienal de Veneza, na Itália. Possui obras em acervos do Weltkulturen Museum, em Frankfurt (onde, em 2017, realizou a exposição “Zwischen Erde und Meer: Transatlantische Kunst”), Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), Videobrasil e Coleção Itaú. Foi um dos curadores-chefe da 3ª Bienal da Bahia e curador convidado do núcleo “Rotas e Transes: Áfricas, Jamaica e Bahia”, no projeto Histórias Afro-Atlânticas no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Recebeu o prêmio de Residência Artística em Dakar do Sesc Videobrasil e na Raw Material Company, Senegal.

Classificação indicativa: Livre
Duração: 120 min
[Foto por Marcelo Teça Nada]