NUA

“NUA” é um trabalho que nasce do encontro entre as artistas do corpo Nirlyn Seijas e Raiça Bomfim, e marca a primeira parceria criativa entre os coletivos Deslimites Mediações Artísticas e Gameleira Artes Integradas. Tendo a dança como principal território para a criação e movidas por uma série de perguntas, entre as quais, “como dançar as intensidades que atravessam o corpo?” e “como dar voz aos abismos que nos habitam?”, o processo criativo foi composto por encontros nos quais as artistas se propunham a escavar em si movimentos e sons retesados no tempo.

Desses encontros, surgiram dispositivos e elementos que permeiam uma série de disposições poéticas, traduzidas nas seguintes frases: Estar nua. Retornar à pedra. Mergulhar-se em pedra. Descansar na pedra. Sonhar a pedra. Acordar os silêncios da pedra. Escutar o duro silêncio. Soltar a voz profunda. Sussurrar o magma. Recordar. Estar dentro e desejar. Brotar. Levantar-se, fogo que a pedra riscou. Torcer a própria existência. Bater à porta do chão. Alargar os contornos. Tremer. Girar. Mover as pedras do corpo. Mover os vazios à volta. Atirar-se pedra. Rachar.

Uma das categorias da curadoria do IC Encontro de Artes é a programação de projeto: para além do mapeamento e convocação de obras artísticas, o evento incorpora um projeto preconcebido inteiro, numa articulação identitária e curatorial. “Corpo em Casa” é uma plataforma de proposições cênicas realizada desde 2016 pela Deslimites Mediações Artísticas, que oferece ao espectador/testemunho uma experiência sensível e política de versões alternativas sobre corpo e intimidade. Tais alternativas transversalizam diversos posicionamentos sobre feminismo, empoderamento, violência, presença, identidade, resistência, enquanto, simultaneamente, ocupam, transitam e transformam os cômodos da Casa Rosada.

QUEM SÃO
Criação e Performance: Nirlyn Seijas e Raiça Bomfim (Deslimites Mediações Artísticas e Gameleira Artes Integradas) | Colaboração criativa e composição de pedras em cena: Felipe Benevides e Lenine Guevara | Colaboração criativa e composição de pedras durante o processo criativo: Maju Passos | Iluminação: Ana Brandão e Moisés Victório | Montagem e operação de luz: Ana Brandão, com o apoio de Felipe Benevides e Lenine Guevara | Olhares e partilhas durante o processo criativo: Brisa Morena, Herman Dephius, Leonardo França, Ludmilla Cavalcante, Naiara Rezende, Neemias Santana, Olga Lamas, Patrícia Leitão, Priscila Gina Jorge, Saulo Moreira, Thiago Cohen e Vavá Oliveira | Espaço de suporte/apoio para a criação do espetáculo: Casa Rosada Barris

Nirlyn Seijas: artista da dança, pesquisadora, docente e curadora. Nascida na Venezuela com residência há mais de nove anos na Bahia, é mestra e doutoranda em Cultura e Sociedade na Universidade Federal da Bahia (UFBA). É especialista em Estudos Contemporâneos em Dança licenciada em Dança pela UFBA. Criadora e performer, faz parte do Coletivo Deslimites Mediações Artísticas, que coordena, dentre outros projetos, a Casa Rosada. É criadora dos trabalhos “Mujerzuela”, “Há Violência no Silêncio?”, “Suco da Revolta” (em parceria com a Deslimites) e “Nua” (em parceria com Raiça Bonfim). Atualmente, é gerente da Saladearte CineMAM e professora substituta do Bacharelado Interdisciplinar em Artes da UFBA.

Raiça Bomfim: move-se no campo das artes como criadora, produtora e professora, transitando entre performance, teatro e literatura. É doutoranda e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e atualmente está como professora da Escola de Teatro da mesma universidade. Interessa-se principalmente pelas intersecções entre corpo, cidade, arte, mulher e bruxaria. Frequentemente, assume as experiências relacionadas à voz como ponto disparador de seus processos criativos e pedagógicos, em conexão com os sentidos emanados por uma poética da água. Coordena, juntamente com Olga Lamas, o território de articulações artísticas intitulado Gameleira Artes Integradas. Assina a criação e direção dos espetáculos “Loucas do Riacho”, “Nua” (em parceria com Nirlyn Seijas) e “Ofélia: sete saltos para se afogar”, nos quais também performa, sempre numa perspectiva de associação de linguagens criativas. Também passeia pelo campo da literatura, tendo quatro livros já publicados.

Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 50 min
[Foto por João Rafael Neto]