Mostra Artística

Peça para adultos feita por crianças

Elisa Ohtake (SP) | 23/8 e 24/8 | 19h | Teatro do Goethe-Institut | R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

“Peça para adultos feita por crianças” é uma peça feita por cinco crianças aventureiras para uma plateia de adultos. Não se trata de um teatro infantil do qual adultos também podem eventualmente gostar, mas, claramente, se trata de um teatro para adultos feito por crianças. Elas atuam, dançam, vivem, mergulham em Hamlet, no transumano, no além do humano, inventam brincadeiras para adultos contra a chatice, contra o antropocentrismo, contra a morte em vida. Inventam cosmobrincadeiras porque querem cosmopolítica. A montagem, enfim, vasculha como o mundo infantil pode potencializar o mundo adulto e vice-versa, passando longe de banalizações como “infantilização do adulto” ou “adultização das crianças”. A pesquisa está em dar espaço para o devir adulto e o devir criança acontecerem.

A diretora Elisa Ohtake olhou para as crianças shakespearianamente para criar a peça. O texto foi escrito juntamente com as crianças e Elisa respeitou o nível e o limite de entendimento que cada uma delas tem de Hamlet, individualmente. Elas pensam e atuam Hamlet a partir das próprias experiências de vida, a partir da condição singular de cada uma. Mergulham em Hamlet, ou seja, na apoteose da consciência humana, na entidade do mundo ocidental em crise, para aí sim poderem fazer estudos do transumano, de novas possibilidades do humano, da expansão da noção de humanidade.

Existem âmbitos de Hamlet nos quais, obviamente, crianças não penetram, não entendem ainda. Até para adultos Hamlet não é de todo compreensível, ele bruxuleia. Por isso a participação de Paulo Cesar Pereio nos últimos 15 minutos da peça, grande ator aparentemente oposto ao mundo infantil, é crucial.

QUEM SÃO
Concepção e direção: Elisa Ohtake | Dramaturgia: Elisa Ohtake e elenco | Elenco: Davi Hamer, Felipe Bisetto, Joana Arantes, Michel Felberg, Vitória Reich | Performance especial: Paulo Cesar Pereio | Assistente de direção: Camila Urbano | Cenário: Elisa Ohtake e elenco | Figurinos: Elisa Ohtake e Cesar Rezende | Objetos de cena: Elisa Ohtake | Sonoplastia: Elisa Ohtake e Cella Azevedo | Luz: Padu Palmário e Vini Hideki | Som: Luiza Jaffé | Contrarregras performáticos: Jonas Lumazini, Victor Abrahão, Luiza Jaffé e Kenai | Cenotecnia: Cesar Rezende | Fotos: João Caldas | Projeto gráfico: Mariana Fix | Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro | Produção executiva: Stella Marini e Elisa Ohtake | Direção de produção: Stella Marini

Elisa Ohtake: dirige teatros e danças contaminados com as artes plásticas e a performance. Ela se interessa em deslocar, descontextualizar, tirar as coisas do lugar para melhor vê-las, para melhor enxergar suas complexidades e para inventar outras complexidades. Em “Falso espetáculo”, um de seus primeiros trabalhos, Elisa começou fazendo tudo o que não sabia fazer em cena, ser uma parede com bolas coloridas, ser deus, dançar balé etc. Nos seus mais recentes trabalhos, “Tira meu fôlego” (APCA Melhor Espetáculo de Dança 2014) e “Let’s just kiss and say goodbye”, Elisa Ohtake inventou outros tipos de deslocamentos para artistas do teatro e da dança e fez dramaturgias visuais e verbais para melhor enxergar suas complexidades, para criar mais complexidades, para trazer à tona a vitalidade radicalmente, na vizinhança com a dor, a morte, o risco, a festa.

Classificação indicativa: 10 anos
Duração: 90 min
[Foto por João Caldas]