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data: 23 a 27 de agosto (segunda a sexta)

horário: 12h às 13h

local: No YouTube | Vídeo pré-produzido | Exibição temporária

Link para Acesso: clique aqui

classificação: Livre

valor: Gratuito

A babá quer passear

Ana Flávia Cavalcanti (RJ)

MOSTRA ARTÍSTICA

Uma babá dentro de um carrinho de bebê gigante e cor-de-rosa para discutir a invisibilidade das trabalhadoras domésticas no Brasil – afinal, a cena se repete diariamente: uma mulher negra, vestida de branco, empurra um carrinho com uma criança tão branca quanto seu uniforme. E se invertêssemos os papéis? E se agora a babá quisesse passear, dar uma volta, se distrair, ser cuidada?

A intervenção começa. O carrinho é estacionado em um determinado ponto da cidade, suas proporções e cor criam uma atmosfera lúdica. O convite aos transeuntes é feito através de um balão branco pregado ao carrinho com os dizeres: “A babá quer passear”. A partir daí, o carrinho só se movimenta se alguém quiser levar a babá para um passeio.

Essa performance se concentra na discussão sobre os direitos trabalhistas e as condições de trabalho de quem faz faxina, cuida de criança, trabalha como mensalista, os ditos serviçais. Do processo de criação deste trabalho, perguntas se repetem a quem decide levar a babá para um passeio: o seu filho ou filha tem uma babá? Essa babá está bem? Ela já viajou de teleférico? Ela tem algum sonho? Ela conhece as Cataratas do Iguaçu? Do que ela mais gosta de comer? Ela dorme bem? A sua babá quer passear?

“A babá quer passear” chega ao IC14 com o desafio de ser produzida e exibida de forma online. Nesta edição do festival com o lema “Arte Dá Trabalho”, uma conexão direta com o intuito principal da obra: discutir e tentar melhorar as condições do trabalho de um modo geral. Pensar bem-estar, autoestima e poder de escolha na contemporaneidade, em especial em tempos de pandemia, quando trabalhadoras domésticas foram dispensadas de seus serviços sem quaisquer garantias ou obrigadas a se manter em atividade e exposição.

Símbolo desta situação, a primeira morte por coronavírus no Rio de Janeiro foi de uma empregada doméstica de 63 anos, que, apesar da idade e dos problemas de saúde, continuou percorrendo semanalmente 120km de sua casa humilde em Miguel Pereira, no sul fluminense, até o apartamento onde trabalhava no Alto Leblon, bairro da zona sul do Rio que tem o metro quadrado mais valorizado do país, onde trabalhou por mais de 10 anos até ser infectada pela patroa, que voltara de viagem da Itália.

QUEM É
Ana Flávia Cavalcanti é uma multiartista que transita entre a atuação e a performance. Seu primeiro filme, o curta-metragem “RÔ, ganhou o Candango de Melhor Filme no 52º Festival de Brasília e foi selecionado para a Berlinale em 2020. Durante o início da pandemia, em maio de 2020, Ana Flávia Cavalcanti e Fellipe Barbosa dirigiram o longa-metragem “Duas Irmãs”. Recentemente, a atriz finalizou a 4ª temporada de “Sob Pressão” com a personagem Diana, com estreia prevista para agosto de 2021. Ana está finalizando as filmagens de seu primeiro longa-metragem como protagonista, “Fim de semana no paraíso selvagem”, dirigido pelo cineasta pernambucano Pedro Severino. Ana é filha de uma trabalhadora doméstica aposentada. Sua mãe e suas vivências são suas grandes inspirações para a criação das performances “A Babá Quer Passear” e “SERVIÇAL”, onde ela discute a condição atual das trabalhadoras domésticas no Brasil e os mecanismos abusivos adotados pelos “patrões” similares ao período escravocrata. Sua nova performance é “Pau No Rabo”, criada para fazer uma crítica à cultura do estupro e ao machismo enraizados na sociedade brasileira. Ana Flávia é formada em Artes Cênicas pelo INDAC e pelo Centro de Preparação Teatral (CPT), dirigido por Antunes Filho. Estagiou no Théâtre du Soleil e École Lecoq, ambos em Paris. No passado, fez parte do elenco de “A Casa de Antiguidades”, de João Paulo Miranda Maria, “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, e “RAINHA”, de Sabrina Fidalgo.